sábado, 5 de setembro de 2009

Relatos de uma viagem inesquecível...

Foi o dia mais incrível da nossa estadia Marroquina.


Ao 4º dia de viagem tinhamos planeado ficar em Ilmilchil.


Ilmilchil, segundo a nossa biblía (de nome Lonely Planet) é uma típica aldeia no topo do Atlas (muito perto dos 4.000m de altitude), sendo um grande ponto de encontro e negócio para os agricultores e pastores da montanha, sendo particularmente conhecida pela sua feira de Maio. Geograficamente falando, Ilmilchil fica na maior cadeia montanhosa de Marrocos, o Atlas, que cruza o país quase de Este a Oeste, dividindo o país em dois, quase a meio (ficaria ligeiramente mais pequena a parte sul do país).


O nosso ponto de partida era Meknés, a mais pequena das 4 cidades imperiais marroquinas (Marrakesh, Fez, Meknés e Rabat), com uma praça imponente, rodeada por palácios, e uma medina razoável.


Tinhamos que nos deslocar aproximadamente 300km para sul, o que equivale a entrar em Marrocos profundo. Até aí apenas tinhamos feito estradas nacionais (marcadas a vermelho no mapa), o que equivale a uma estrada com duas faixas, com mais ou menos buracos, que nos permitia fazer uma média de 60km/h. Na viagem até Ilmilchil sabiamos que iriamos apanhar estradas secundárias (amarelas), pelo que mais tempo para percorrer os 300km iriamos necessitar.

1ª Lição Africana - em África a distância entre cidades não se mede em Km, mas em tempo. Esqueçam a vossa noção de que 300km são +- 3 horas a andar normal, por auto-estrada, ou que os 80 km de Coimbra a Viseu, pela IP3 são 1 horita e pouco. Em África a distância mede-se em horas porque nunca se sabe a estrada/inconvenientes que se vai apanhar.

Fizemos-nos à estrada depois do pequeno almoço, com temperatura razoável (dentro do quente)... Ao 4ª dia notavamos que quanto mais a Sul nos encontravamos mais Marrocos parecia mais atrasado, menos ocidentalizado.
Batizamos uma das cidades por que passamos como a cidade-lixo. Era uma cidade atravessada pela estrada nacional, que era a única rua sem ser de terra batida que vimos. Para além da temperatura bastante alta, o lixo na berma da estrada, a sucata encostada nos cantos, os porcos pendurados nos talhos ao ar livre... criava uma aura de pobreza indiscritível. Impressionava o cheiro nauseabundo de toda a cidade, o pó, a ferrugem, o aspecto das pessoas...

Começamos a subir o Atlas e a ver paisagens arrebatadoras. Passamos para as estradas secundárias e a viagem tornou-se surreal.



Apareço no vídeo a tirar os óculos de sol para não criar qualquer motivo de interesse por nós. Só queria ser discreto e sair dali rápido.
Estavamos a passar no meio de uma aldeia, com feira semanal. Demoramos perto de 10 minutos a passar confusão. 10 minutos num caminho de terra, a tentar não atropelar nenhuma das pessoas que tentavam abrir caminho para nós, e a carrinha laranja que ia à nossa frente, passarmos.
Nesses 10 minutos eu só queria que o nosso carro se tivesse transformado num ferrugento Opel Kadete de 1974, mas sentia-me como se tivesse a passear na marginal de Cascais, com o meu Aston Martin.

O dia só ia a meio.

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