quarta-feira, 19 de setembro de 2007

A vizinha do 1ºD - Parte Tudo


Resumo dos capítulos anteriores: Em busca de uma chávena de arroz para o jantar, Auto e Lage socorrem-se dos vizinhos da Mansão. Depois de muitas tentativas frustradas, acabam em frente ao 1º D.

Do outro lado da porta, ouvia-se som. Televisão. Passados alguns segundos, um olho tapou o único pedaço de luz que a porta emanava e nós sabíamos que estávamos a ser observados. O olho afastou-se e um som metálico e seco ecoou do mecanismo que garantia o fecho da porta. Graças à falta de luz no prédio Nº100 da Rua da República, estávamos em vantagem, no momento em que a porta se abriu. Víamos (pouco) sem ser vistos. "Podem ligar uma luz, por favor?" - disse uma voz, vinda dos 10cm de porta que entretanto foi aberta. "Não dá, minha senhora. O prédio está sem luz." "Ah, então eu ligo uma daqui de dentro!". Abriu a porta e fez-se luz...

À nossa frente estava uma mulher dos seus 40-45 anos, morena, cabelo preto, liso e escadeado e que nos recebeu apenas com uma peça de roupa de seda, branca, justa e decotada. À nossa frente estava a vizinha do 1ºD.

Falámos sobre muita coisa: arroz, panos de cozinha que caem de uma varanda para a outra, falta de luz em prédios, cusquices de vizinhos, o efeito de estufa, a guerra no Darfur, e eu sei lá que mais... Falámos e falámos (para cima de 5 minutos) e ela sempre com a mesma idade, sempre com o mesmo cabelo,...sempre com a mesma roupa de seda.

Obviamente, eu estava com fome e por isso só queria saber do arroz. Obviamente que o Auto, que não se importava de acompanhar o jantar com batatas de pacote, estava-se naquele momento nas tintas para o arroz. Obviamente que faltava ali o D. Juan da Mansão. Obviamente que foi só um primeiro encontro. Mas que a vizinha do 2ºD é bem boa, ah isso é. E que muitas vezes nós temos estado em casa e ouvimos grandes festas lá em baixo, ah isso ouvimos. E que nesses bacanais estão muitas vezes gajos diferentes dos anteriores, ah isso estão. Mas isso não quer dizer que a vizinha tenha alguma profissão livre de impostos. Mas também pode ter. Mas se calhar não tem. Mas pode ter.

Seja como for, ela lá nos arranjou o arroz, o jantar lá se fez (o arroz não ficou grande coisa) e a vida lá seguiu na Twilight Zone que é o Nº100 da Rua da República.

3 comentários:

Anónimo disse...

ta fantastico! parece impossivel mas li ate ao fim! a vizinha poderia ser uma velhota "Bi-dente"! eehehehehe, hp

André Lage disse...

Se estes textos sabujos não servirem para mais nada, mas te puserem a ler...já valeu a pena!

Anónimo disse...

k filho da mae!... mas tou a gostar desta serie... tem de continuar! hp