sábado, 11 de abril de 2009

Não vos dá que pensar?

- n., 26 anos, loira. filha de família nortenha, modesta. cabelo state of the art, cara lindíssima, corpo elegante, muito atraente. estilo rebel-chic. gargalhada contagiante, reservada nos seus sentimentos.
estudou 6 anos, após o 12º, para se tornar arquitecta, numa das melhores faculdades do país.
trabalha dois anos num gabinete de arquitectura do porto. explorada até aos ossos, trabalha 12 horas por dia para ganhar pouco mais de 600.
sem namorado, nem qualquer companheiro com quem mantenha relações sexuais previamente combinadas, que eu saiba. não passa, no entanto, que me recorde, qualquer período de prolongada abstinência sexual. é heterossexual, dou-vos eu a certeza.

sonha todos os dias.

tem um círculo de amigos engraçado, mais ou menos fixo. considera 5 amigas como irmãs, com quem passa férias, faz jantares de natal, troca de prendas, não impeditivo, no entanto, que diga mal delas pelas costas, como boa mulher que se preze.

ao acordar, por vezes, lembra-se dos sonhos...

a familia ama-a, orgulhosa da educação que lhe deu. não é preciso crescer num berço d'ouro para ser rico de espírito. tem a avó em casa acamada, de velhice. a mãe carinhosa que chegue para brincar com ela, enquanto lhe muda as fraldas. o irmão é mais traquina, pensa-se que será da idade.

decide sonhar acordada!

compra um bilhete para mumbai (bombain, india) só de ida. vai sozinha...
lá não tem amigos, não tem casa, não tem cão.
arranja trabalho, como arquitecta, e decide aprender arquitectura terra, uma nova corrente de arquitectura ecológica.
ganha mais do que suficiente para fazer uma vida de quotidiano ocidental. está a abrir o mundo dela, conhecer pessoas, descobrir culturas, crescer profissionalmente, a beijar a india, país que sempre achou especial.
está lá há 3 meses... diz que está a passar a melhor fase da vida dela. diz que vive lá os melhores momentos.

um dia volto, diz ela! há-de voltar.

5 comentários:

Lúcia disse...

A culpa morreu solteira...é mais fácil ir rezingando e suportando a monotonia da rotina diária se acreditarmos que a culpa não é exactamente nossa - "É a vida!". Mas a realidade nua e crua é que somos "maiores e vacinados" e podemos - num acto que muitos classificarão de tresloucado - decidir que no próximo mês somos, mero exemplo, funcionários da ONU em Timor Leste.

Sim Zé! Dá que pensar.

André Lage disse...

Soluções:

1 - ganhas o Euromilhões e fazes o que bem te der na gana. É impossível: são 5 números + 2 estrelas para uma probabilidade de 1:76275360.

2 - dás mesmo esse passo louco, deixas tudo para trás, vais com uma mochila às costas e partes à descoberta. É arriscado: pode não resultar e depois não sei se serás capaz de viver sem o conforto a que já te habituaste.

3 - decides que tens de trabalhar as 40 horas porque "É a vida" e "O carcanhol faz falta" mas juntas-lhes mais outras horas numa actividade que te dê prazer. É duro: são horas demais, não dormes e não é fácil aguentar uma agenda tão carregada.

4 - Cagas para essa actividade que dá prazer e vives a vida toda a trabalhar só pelo dinheiro, tentanto aproveitá-lo ao máximo nas horas vagas. É monótono: fazes algo de que não gostas e isso mais cedo ou mais tarde dá-te cabo da cabeça.

Ainda estou a tentar achar mais soluções. Estas têm todas limitações. Para já estou na 3 mas estou a ficar um bocado farto dela.

aTé disse...

Só tenho uma coisa a dizer: Para gaja e hetero, tem uns tomates maiores do que os nossos todos juntos.

Apresentas-ma?! ;)

Zé Rui Peixoto disse...

ehehehe, bom Ana Luisa
Acho que é mesmo isso... uma questão de tomates.

Eu estou bem cá... mas não sei é se estaria melhor lá!

André Lage disse...

E os tomates da Té...?